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Trilha Inca: Warmiñusqa – 2º dia

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Eram 5h30 da manhã e eu devia estar com cara de quibe adormecido. Em geral, a primeira noite em barraca é assim: você até dorme, mas parece que o corpo não descansa o suficiente. Continuaria dormindo, só que o caminho nos esperava. Reunimos as coisas rapidamente e fomos tomar o desjejum, que incluía mate de coca, pão, manteiga, marmelada, leite em pó e café.

A aparência do grupo era de cansaço, mas depois de umas canecas de café, estávamos mais refeitos. Hoje andaremos dez quilômetros até a montanha  chamada Warmiñusqa, a quatro mil e duzentos metros de altura.  Sugiro que se concentrem bastante. Serão oito quilômetros de subida. É um esforço físico e mental forte. Por isso, conversem apenas o necessário.

O guia dera uma dica legal. É comum os aventureiros experimentados contratarem habitantes locais para levarem as mochilas montanha acima. Assim, quem estava desacostumado com este tipo de exercício poderia gastar todas as energias para carregar somente o próprio peso. Segui o conselho sem pensar duas vezes. E, além disso, meu anjo da guarda — talvez fosse mais apropriado dizer anjo da carga — chamava-se… Jesus!!!

Começamos a jornada. A subida era realmente forte e por ser encosta de uma montanha, a vegetação era densa. Caminhamos por mais tempo na sombra, o que foi uma compensação. O sol, de vez em quando, ajudava a esquentar o corpo. O vento gelado que corria por entre as árvores parecia querer transformar os ossos em pó.

Há dois tipos de pessoas que vão a Machu Picchu. O primeiro é aquele que não se interessa exatamente pela filosofia e cultura dos incas; quer apenas Machu Picchu como atração turística. Esse não costuma seguir o caminho inca, preferindo o conforto da subida de ônibus a partir de Aguas Calientes. O outro é o que vai até lá atendendo a uma solicitação interior, em busca de alguma coisa além das aparências, da energia divina que parece impregnar o Vale Sagrado. Esse geralmente opta por seguir a trilha inca, como forma de se aproximar da história daquele povo fantástico, de tentar aprender um pouco da sua espiritualidade evoluída. Segue o caminho sem pressa, detendo-se nas ruínas e observando a beleza da paisagem, preparando-se, aos poucos, para o ritual inesquecível que envolve o encontro com a cidade perdida.

Seis horas e meia depois, atingimos o topo da montanha Warmiñusqa. Não estávamos nas nuvens, estávamos acima delas. Cheguei perto do abismo, levantei os braços para o alto e dei um grito, misto de satisfação pela vitória e desabafo pelo cansaço. Olhava os flocos de água condensada de cima para baixo. Sobre mim, o céu azul, limpo. Parecia estar no teto do mundo. Ninguém se assustou com meu grito. Ao contrário, me aplaudiram. Descansamos trinta minutos e enfrentamos outros vinte de descida muito forte até o ponto onde almoçaríamos. Se na subida os músculos de trás da coxa eram bastante exigidos, agora eram os da frente. Parecia ter cem quilos sobre os joelhos. A tensão era grande, porque qualquer erro e rolaria montanha abaixo, de uma vez só. Desci com tudo nas costas. Por um instante, pensei em que espécie de prazer poderia levar as pessoas a enfrentarem situações como aquela. Estava me sentindo uma lhama de carga. No entanto, sabia seriamente que aquela trilha e suas dificuldades representavam externamente um outro plano, o interior, que percorríamos ao mesmo tempo, com desafios e dores a serem vencidos. Nessa perspectiva, Machu Picchu seria, para cada um, a possibilidade do grande encontro consigo mesmo.

Finalmente, alcançamos Gustavo: o almoço já estava pronto. O guia veio trazer a comida em cumbucas a salada de beterraba. Mas tinha também cenoura, pepino e maionese, acompanhados de macarrão parafuso cozido no sal. Achei uma delícia. Estávamos cansados.

Seguimos em frente, para duas horas de descida forte. Os pés tinham que se agarrar literalmente às pedras. Era a garantia de que não escorregaríamos. Meus joelhos doíam. Enfim, “aterrizamos” em Pacaymayu, a 3.500m de altitude. Esse seria o ponto de nosso pernoite. Uma sensação de alívio tomou-me quando vi a equipe de apoio montando as barracas. O pior havia passado.

Hora do jantar. De novo, a entrada foi sopa de legumes, muito bem-vinda, sobretudo para esquentar a mão na cumbuca. Além disso, arroz, purê de batata, e couve-flor cozida na água e sal. Tudo isso em volta da fogueira e regado a mate de coca. A noite foi tranquila. Todos dormiram como anjinhos.

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